Minha licença terminava no dia 01/02/2011 , decisão tomada
para o retorno , aquele frio na barrida era inevitável eu contava os dias, todos
meus colegas já sabiam que eu voltaria e até um surpresa já haviam preparado
para minha chegada. Entrar na Dell foi umas das sensações mais estranhas, ao
mesmo tempo que a felicidade era grande a sensação de como rever e ser vista
nesta situação, bem diferente de quando sai, como andar nos corredores que
antes eu “desfilava” de salto agulha e agora sentada em uma cadeira de rodas?
Desafiador, medo, todos os sentimentos misturados, mas eu tinha certeza que a
decisão era a melhor.
Nos primeiros dias foi como se estivesse começando em uma empresa
nova, meu gerente não era mais o mesmo eu nem o conhecia, alguns colegas já
haviam migrado para outros times e setores, estavam todos ali, porém em outros
time e eu, onde vou ? o que fazer ?
Ainda não tinha segurança suficiente de assumir minha função
de gerente de contas coorporativa, afinal não sabia como eu me portaria se
conseguiria me adaptar, a Dell também precisava se adequar as minhas
necessidades e acho que este foi um dos grandes motivos e incentivo ao retorno,
acessibilidade coisa que somente quem precisa sabe e que infelizmente estamos
muito longe de um pais evoluído. Esta seria uma de minhas missões dentro da
empresa, ajudar a tornar a Dell uma empresa acessível. Os dias foram passando e
eu definitivamente tinha certeza que a escolha tinha sido a correta, algumas
adaptações feitas, time definido então vamos botar a mão na massa, fui para um
time definido como POOL, assumi uma carteira bem mista e fui fazer o que
realmente faço com gosto, VENDER!!!!
Tinha total apoio de todas as pessoas que já tinha ao meu
lado o que fez toda diferença, pois tinha um suporte grande.
A maior preocupação na decisão de voltar era como conciliar trabalho,
limitações, casa e o principal neste momento, minhas fisioterapias, neste
quesito fui muito questionado principalmente pelo Rafa (maridão) que tinha
muito receio de que eu não aguentasse o tranco, afinal voltar para o trabalho
nestas condições não me davam nenhum proteção a mais, as cobranças normais
quanto ao meu rendimento seriam os mesmos dos outros e como lidar com tudo isso
e ainda ter “gás” em sair do trabalho e fazer fisioterapia entrando noite a
dentro todos os dias, precisava de muita disposição.
Nos dois primeiros meses eu já havia diminuído bastante o
ritmo das minhas fisios, sempre usando como desculpa que precisa me
reorganizar, mas ao mesmo tempo recebia muita cobrança não só dos outros mas de
mim também pois sei que somente as fisioterapias poderão me tirar da cadeira.
Ao voltar para o trabalho depositei também uma
responsabilidade de que as coisas iriam para seus devidos lugares com uma
rapidez que eu atrelei ao retorno a minha vida normal, que precisava tirar o
foco um pouco do ocorrido e retomar minha vida e que com tempo passando,
trabalho, vida social e fisioterapias voltaria a andar rapidamente. Este foi um
erro cruel, passaram-se alguns meses e no trabalho tudo bem, mas quando saia de
lá não rendia quase nada em minhas fisios e uma tristeza enorme tomava conta de
mim. Alguns meses passaram e no meio de 2011 descobri realmente o significado
da palavra DEPRESSÃO, ao ver que as coisas não corriam na velocidade que eu
havia estipulado, não segurei e desabei coitado aos que me rodeavam era um
inferno me aguentar, no trabalho pouco rendia e minhas colegas que me
aguentavam a choradeira e meu gerente segurava as pontas, corria de um lado
para outro e aquele aperto no peito não passava, doía muito, aos finais de
semana infernizava a vida de minha família, principalmente do Rafael que ao meu
lado só escutava e pouco podia fazer, até que me convenci que somente ajuda
médica para sair do buraco, fui sempre muito auto confiante achando que nunca
precisaria de remédios os famosos “tarja preta”. Comecei o tratamento e durante
3 meses foi o tempo que precisamos para regular todo meu sistema, após meu
organismo assimilar todo “coquetel” eu tava na boa. Reorganizei minha agenda e
fui levada por meu fisioterapeuta Luciano a uma clinica que tratava somente
lesados medulares através de um método criado por uma prof. de fisioterapia da
PUC. Um sistema de pendulação com estímulos repetitivos, bora la conhecer,
encaixei dois dias da minha semana na clinica, ficando minha agenda a seguinte
forma: segunda-feira (trabalho / centro espírita) terça-feira e quinta-feira,
fisioterapia em casa e quarta-feira e sexta-feira clinica, tudo no final do
dia, trabalhava durante o dia e fisio no final, resumo não rendia nada pois
chegava na hora estava louca por uma cama, um descanso. Em julho/11 fui ao
Nosso Lar em Florianópolis, um hospital espírita que trata de pessoas com
câncer e doenças degenerativas e crônicas graves, nenhuma delas se encaixavam.
Não tinha nenhuma destas doenças e mesmo assim eles me chamaram para um
tratamento de uma semana, foi a melhor coisa que me aconteceu neste período
conhecer aquele lugar, após minha primeira semana de hospitalização e
tratamento meu retorno já ficou marcado para outubro/11. Quando voltei desta
primeira semana, tudo começou a mudar, não só em minha cabeça mas no corpo, as
resposta de várias perguntas apareceram e meu corpo começou a responder a
vários estímulos, retornei em outubro e segui minha vida naturalmente,
trabalho, terapias e fisioterapias, as coisas começaram acontecer de outra
forma, não pensem que neste meio tempo lágrimas não correram em meu rosto, isso
aconteceu várias vezes como até hoje, porém eu descobrir uma nova maneira de
levar a vida e acreditar cada vez mais em minha reabilitação.
As contrações começaram aparecer e durante um bom tempo
permaneceram no mesmo nível, fizemos uma reunião com toda equipe que me
acompanha e fizemos algumas alterações de estímulos, alimentação pois eu sempre
comi mal e alteramos os horários, passe minha fisioterapia três vezes na semana
para manhã na quinta-feira final da tarde, folga na sexta-feira e sábado
ecoterapia que eu me apaixonei. Tivemos melhorar significantes, ganhando força
e contrações em vários grupos musculares. Continuei indo ao nosso Lar no fim de
2011 mais uma semana e vamos para 2012 com vários desafios a serem superados
com a Graça de Deus e todos que me rodeiam.
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